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Hipercalciúria e os fatores de risco para a formação de pedras nos rins (litíase renal)



A hipercalciúria é uma condição caracterizada pela excreção excessiva de cálcio na urina e pode aumentar o risco de formação de pedras nos rins (litíase renal). As pedras nos rins são formações sólidas que podem ser compostas por vários materiais, incluindo cálcio, oxalato, fosfato e ácido úrico. A dieta desempenha um papel crucial na gestão desta condição. Aqui estão as principais recomendações dietéticas para hipercalciúria:



Hidratação adequada

Beber bastante água (pelo menos 2 a 3 litros por dia) ajuda a diluir a urina e diminuir a concentração de cálcio e outros minerais que podem formar pedras nos rins. Além da água pura filtrada, a hidratação pode ser complementada por água aromatizada com ervas e chás naturais, mas deve-se evitar o excesso de café, refrigerantes fosfatados e álcool.


Consumo de cafeína e álcool

A cafeína presente no café pode aumentar a excreção de cálcio na urina, contribuindo para a formação de pedras de oxalato de cálcio e fosfato de cálcio. Consumir café com moderação pode minimizar os riscos. A recomendação comum é limitar o consumo de cafeína a cerca de 200-400 mg por dia, o que equivale a aproximadamente 1-3 xícaras de café.


Evite os refrigerantes que contêm ácido fosfórico.


O consumo de álcool pode aumentar o risco de formação de pedras nos rins devido à desidratação que provoca, ao aumento da excreção de ácido úrico e às alterações no metabolismo do cálcio e magnésio. As cervejas em especial são ricas em purinas, que são metabolizadas em ácido úrico. Além disso, o consumo excessivo de álcool frequentemente está associado a escolhas alimentares pouco saudáveis, como dietas ricas em proteínas animais e laticínios. Saiba que, de acordo com a OMS, não existem níveis seguros para o consumo de álcool; qualquer quantidade de álcool pode aumentar o risco de problemas de saúde.


Chás recomendados

  • Cavalinha (Equisetum arvense) e Dente-de-leão (Taraxacum officinale): Conhecidos por suas propriedades diuréticas, podem ajudar a aumentar o fluxo urinário, diminuindo a concentração de cálcio na urina (desde que a hidratação geral seja adequada).

  • Hibisco (Hibiscus sabdariffa): Além de ser diurético, possui propriedades antioxidantes que podem ajudar na saúde renal geral.

  • Gengibre (Zingiber officinale): Pode ajudar na digestão e tem efeitos anti-inflamatórios, sendo uma boa opção para incluir na dieta.


Chás a serem evitados

  • Chá Preto: Rico em oxalato, pode aumentar o risco de formação de pedras nos rins em pessoas propensas.

  • Chá Verde: Também contém oxalato, embora em menor quantidade que o chá preto.

  • Chá Mate (Ilex paraguariensis): Contém oxalato e cafeína, ambos podem contribuir para a formação de pedras nos rins.


Alternar entre diferentes tipos de chás recomendados pode ajudar a manter a ingestão de líquidos interessante e benéfica. Limite o consumo a até 3 xícaras por dia, sempre variando as ervas na preparação.


Além dos chás, a água com limão ou limonada é uma maneira eficaz de aumentar a ingestão de citrato, que ajuda a inibir a cristalização de sais de cálcio na urina e pode ajudar a alcalinizar a urina, prevenindo a formação de pedras. Começar o dia com um copo de água morna com limão pode ser útil (desde que você não sinta azia ou refluxo) ou beber água com limão às refeições, o que também ajuda a melhorar a absorção do ferro.


Moderação no consumo de sódio

Reduzir a ingestão de sal pode ajudar a diminuir a excreção de cálcio na urina. Alimentos ricos em sódio, como refrigerantes (que também são ricos em ácido fosfórico), molho shoyu, alimentos processados, enlatados e fast food, devem ser evitados. Aprenda a ler os rótulos dos alimentos para identificar a presença de sódio no link .


Adequação de cálcio na dieta

Embora possa parecer contraditório, é importante manter uma ingestão adequada de cálcio, pois a falta de cálcio na dieta pode aumentar a absorção de oxalato, um componente das pedras nos rins.

As fontes de cálcio de origem animal são os laticínios (consuma com moderação). Do reino vegetal são:

  • Grãos: Soja (farinha, tofu e natto), alfarroba, feijão branco.

  • Oleaginosas: Sementes de chia, amêndoas, sementes de linhaça, sementes de gergelim (tahini, gersal).

  • Folhas: Brócolis e couve-flor, folhas de uva, alho-poró, couve, dente-de-leão, rúcula, mostarda, agrião.

  • Outros: Figos secos, melado, chocolate ao leite, tremoços, leites vegetais industrializados (soja, aveia, arroz) desde que sejam fortificados com cálcio.


Redução de proteínas de origem animal

Consumir proteínas de origem animal em excesso (como carne vermelha, aves, ovos e peixe) pode aumentar a excreção de cálcio e a formação de ácido úrico, contribuindo para a formação de pedras nos rins. Preferir fontes de proteína vegetal pode ser benéfico.


Diminuição do consumo de oxalato

Fontes significativas de oxalato incluem:

  • Vegetais e legumes crus: Espinafre, acelga, beterraba, quiabo, batata-doce.

  • Frutas: Ruibarbo, kiwi, uvas, framboesas, morango.

  • Sementes: Amêndoas, castanha de caju, nozes, amendoim.

  • Grãos e Cereais: Trigo sarraceno, gérmen de trigo, farelo de trigo.

  • Outros alimentos: Chocolate e cacau em pó, soja e produtos de soja, como tofu.

  • Bebidas: Cerveja, refrigerantes à base de cola.


Métodos para reduzir oxalato nos alimentos vegetais

  • Cozinhar em água: Ferver vegetais em grande quantidade de água pode reduzir significativamente o teor de oxalato, já que parte dele se dissolve na água de cozimento. Descartar a água após o cozimento é importante.

  • Branquear: Similar ao processo de ferver, branquear vegetais rapidamente em água fervente e, em seguida, mergulhá-los em água fria pode reduzir o oxalato.

  • Cozinhar no Vapor: Pode diminuir o conteúdo de oxalato, embora a redução seja menor em comparação com a fervura.


A fervura, é uma forma eficaz de reduzir o conteúdo de oxalato em muitos vegetais. No entanto, é importante descartar a água de cozimento e considerar as possíveis perdas de outros nutrientes solúveis em água, como vitaminas do complexo B, vitamina C, potássio e magnésio.


Aumento da ingestão de alimentos ricos em citrato

O citrato pode se ligar ao cálcio na urina, reduzindo a formação de pedras. Fontes ricas em citrato incluem:

  • Frutas cítricas: Limão, laranja, toranja, abacaxi.

  • Legumes: Tomate, pepino.


Redução dos alimentos fontes de fósforo

O fósforo é um mineral essencial para o corpo, mas seu excesso pode, em algumas circunstâncias, contribuir para a formação de pedras nos rins, especialmente em combinação com outros fatores dietéticos e metabólicos como hiperparatireoidismo e distúrbios renais. A maioria das pedras nos rins são compostas de oxalato de cálcio, mas algumas podem ser formadas por fosfato de cálcio, que ocorre quando o nível de fósforo na urina é alto e ele se combina com o cálcio.


Alimentos ricos em fósforo

  • Produtos Lácteos: Leite, queijo, iogurte.

  • Carnes e Aves: Carne bovina, suína, frango, peru.

  • Peixes e Frutos do Mar: Salmão, atum, sardinha.

  • Ovos.


Do reino vegetal são (em muito menor quantidade do que no reino animal):

  • Leguminosas: Feijão, lentilha, grão-de-bico.

  • Nozes e Sementes: Amêndoas, nozes, sementes de girassol.

  • Grãos Integrais: Aveia, arroz integral, quinoa.


Considerações Adicionais

  • Evite consumir suplementos de cálcio sem orientação adequada: Suplementos podem aumentar o risco de formação de pedras nos rins. Ajuste a sua ingestão de cálcio por meio de alimentos com auxílio de um nutricionista.

  • Monitore a ingestão de vitamina D: A vitamina D é importante para a absorção de cálcio, mas o excesso pode aumentar a excreção de cálcio na urina. Manter níveis adequados, mas sem excessos, é ideal.


Conclusão

Essas recomendações podem ajudar a controlar a hipercalciúria e reduzir o risco de formação de pedras nos rins. É sempre recomendável consultar um nutricionista e um médico para um plano dietético personalizado, baseado nas necessidades individuais.


Marise Berg

Nutricionista CRN 3 41382


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